Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

um cavalo de várias cores

Reinaldo Ferreira foi a vibração excessiva e intensa de quem tinha pouco tempo para fazer o seu «voo cego a nada».

«Quero um cavalo de várias cores,

Quero-o depressa, que vou partir.

Esperam-me prados com tantas flores,

Que só cavalos de várias cores

Podem servir.

......

Deixem que eu parta, agora, já,

Antes que murchem todas as flores.

Tenho a loucura, sei o caminho,

Mas como posso partir sozinho

Sem um cavalo de várias cores?»

E foi ao mesmo tempo a contenção e o rigor seco, sem enfeites. Noutro dos seus poemas diz-nos:

«Se nunca disse que os teus dentes

São pérolas,

É porque são dentes.»

Esta juventude de fogo e este rigor colheu-os o vento cedo. A sua vida, meteórica, balizou-se entre 1922, quando nasceu em Barcelona e 1959, data da sua morte em Moçambique, com 37 anos! Sem tempo de rever e de publicar a sua obra, reunida e dada a lume por alguns amigos.

Luísa Dacosta, De mãos dadas, estrada fora... 3, pp. 115 e 116, Figueirinhas, Porto, 1980

1 comentário:

Nivaldete disse...

Muito bom poeta. Ditos insólitos. Pena que tenha vivido tão pouco...