Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Oh!... Oh!...

"-Acredite que vale a pena, para qualquer turista, deter-se algum tempo na nossa aldeia! – observou o juiz Koltz.

-Contudo, parece ser pouco frequentada – replicou o jovem conde – e isso deve-se provavelmente a que os seus arredores não têm nada de interessante…

-Com efeito, nada com interesse – disse o biró, pensando no castelo.

-Não… nada de interesse – repetiu o magister.

-Oh!... Oh!... – disse o pastor Frick, a quem esta exclamação escapou involuntariamente.

Que olhares lhe deitaram o juiz Koltz e os outros – e mais particularmente o estalajadeiro! Seria urgente pôr um estrangeiro ao corrente dos segredos da região? Desvendar-lhe o que se passava no planalto de Orgall, chamar a sua atenção para o castelo dos Cárpatos? Não significaria isto querer assustá-lo, dar-lhe vontade de deixar a aldeia? E, de futuro, que viajantes quereriam seguir a estrada do desfiladeiro de Vulkan para penetrar na Transilvânia?

Na realidade, este pastor não revelava mais inteligência que o último dos seus carneiros.

-Mas cala-te, imbecil, cala-te lá! – disse-lhe a meia voz o juiz Koltz.

Contudo a curiosidade do conde fora despertada, e ele dirigiu-se directamente a Frick perguntando-lhe o que significavam aquelas interjeições «Oh! Oh!».

O pastor não era homem para recuar e, no fundo, talvez pensasse que Frank de Télek poderia dar um bom conselho, vantajoso para a aldeia.

-Eu disse: Oh!... Oh!... Sr. Conde – replicou ele – e não me desdigo."

Júlio Verne, "O Castelo dos Cárpatos", p. 88 e 89, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1989

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