Vladimir Kush

Vladimir KUSH, Ripples on the Ocean, (Ondulações no Oceano)

Rumi

A vela do navio do ser humano é a fé.
Quando há uma vela, o vento pode levá-lo
A um lugar após outro de poder e maravilha.
Sem vela, todas as palavras são ventos.

Jalāl-ad-Dīn Muhammad RUMI




sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O canto de vitória de Kepler

"É em 1605 que Kepler descobre que a órbita de Marte é elíptica. Ele enuncia as duas primeiras leis no Astronomia nova (publicado em 1609) e a terceira nos seus Harmonices Mundi (1618). Podemos dizer sem exagero que se tratou da maior descoberta científica de todos os tempos. Kepler oferece uma resposta completa a questões que mobilizaram durante séculos os melhores espíritos da humanidade, Eudoxo de Cnido, Aristarco de Samos, Ptolomeu, Copérnico. Escutemos o canto de vitória de Kepler (Harmonices Mundi, no prefácio):

«Nos últimos tempos fui iluminado, no seio de uma muito admirável contemplação, há dezoito meses por um primeiro luar, há três meses por uma distinta claridade e há muito poucos dias pelo próprio Sol. Nada impede de me abandonar a um transporte sagrado e afrontar os mortais, confessando ingenuamente que roubei os vasos de ouro dos Egípcios para erguer um altar ao meu Deus, tão longe das fronteiras do Egipto. Se acreditais em mim, regozijar-me-ei; se vos indignardes, tolerar-vos-ei. A sorte está lançada, escrevi o meu livro, que ele seja lido agora ou na posteridade, pouco importa: bem pode esperar cem anos pelo seu leitor, se o próprio Deus esperou seis mil anos por um contemplador da sua obra.»"

Mais adiante Ivar Ekeland volta a citar Kepler:

"Quanto ao próprio Kepler, a Astronomia nova mostra as diversas fases do seu pensamento: começa por atribuir aos planetas (diferentes da Terra) órbitas perfeitamente circulares, depois complica-as com um epiciclo antes de chegar à elipse. Damos-lhe a palavra:

«O meu primeiro erro foi ter admitido que a órbita dos planetas era uma circunferência perfeita. Este erro custou-me tanto mais tempo quanto é certo ter ele sido sustentado por todos os filósofos, sendo metafisicamente plausível de todo.»"

Ivar Ekeland, A Matemática e o Imprevisto, Gradiva, Lisboa, 1993, p. 16 e 24

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